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quinta-feira, 12 de maio de 2011

"...E Deus Criou A Mulher" - 1956


Roger Vadim e Brigitte Bardot ainda eram casados quando começaram um projeto um tanto ousado para a época: escrito e dirigido por Vadim, "...E Deus Criou A Mulher".
Atriz e diretor já viviam uma relação morna, onde um confortava o outro com apenas companhia, como dois irmãos que haviam criado raízes e não conseguiam se separar. Quando o casal foi convidado para participar do Festival de Cannes em 1956, Brigitte foi relutante. Achava tudo aquilo horrível. A cerimônia com suas formalidades simplesmente a entediavam. Fora que, a escolha do que vestir para uma ocasião especial era sempre um problema para ela: embora fosse uma mulher bonita e atraente, especialmente para Vadim, a própria se sentia ainda insegura com sua aparência, considerando nela verdadeiras  aberrações, penteados como coques, por exemplo. Achava-os sérios demais para sua figura tão jovem. Em seu guarda-roupa se encaixavam somente jeans, biquinis, camisetas e sapatilhas. A então estrelinha privava pelo conforto.
Apesar de todos os percalços, foram à Cannes Bardot, Vadim e o Produtor escolhido, Raoul Levy. Este, por sua vez, tratou de produzir também um incrível background a fim de promover "E Deus Criou a Mulher": jantares em lugares caríssimos e um almoço na propriedade de Ali Khan, o qual Brigitte não compareceu. A jovem, cansada demais após uma incrível noitada, estava em seu 8º sono ao meio-dia, horário marcado na casa do pai do príncipe Aga Khan.  Era  desprovida de responsabilidades àquela época. Certas coisas que não faziam parte de seu mundo da "ainda" garota normal.
O fato é que Cannes era um grande tapete vermelho para um filme de um trio que ainda não era respeitado pelo circuito francês e era visto como quase que artistas mambembes flutuando no mundo do cinema. Bardot, depois de ter ido pessoalmente conhecer o pintor Pablo Picasso, encantadíssima por isso, foi embora de Cannes com sua pequena turma, sem conseguir fechar um contrato para o filme à cores. Com o esforço da dupla Vadim/Levy, o disputadíssimo ator Curd Jürgens foi, além de um dos grandes nomes do filme, o anjo que caiu do céu e salvou a produção. Com ele, tudo até agora esperado seria possível e ele até foi generoso ao extremo em ceder seu nome, para que o de Bardot  aparecesse logo após o título.
A cena ao final do filme, hoje icônica, onde Juliete(Bardot) dança freneticamente e descontrolada no bar foi idéia de Vadim após ter assistido a esposa numa noite, descalça, dançando de maneira semelhante.
"...E Deus Criou a Mulher" é indispensável na prateleira de qualquer cinéfilo. Na história, uma adolescente chamada Juliete(Bardot) é mal vista em Saint Tropéz, graças aos seus namoricos, conhecidos por todos. Bonita e sensual, Juliete deixa três homens do local completamente enlouquecidos por ela. O bem abonado Eric(Jürgens), o bom rapaz Michel(Jean-Louis Trintignant). Mas é pelo bad boy Antoine(Christian Marquand) que seu coração bate forte. A paixão avassaladora de Juliete e Antoine coloca o casamento da moça com Michel em risco, e embora ela se esforce ao máximo para fazê-lo feliz, o destino coloca o antigo par juntos novamente e o fogo reacende. Bardot dá à sua primeira grande protagonista, paixão e voracidade, alternando toques da menina ainda se descobrindo, inocente com seu coelho Socrate e a belissima cena na jukebox: de jeans e camiseta, ela relembra o antigo amor ouvido a voz fascinante da cantora Solange Berry, na música que está presente praticamente todo o filme - "Dis-moi Quelque Chose de Gentil". Tudo debaixo dos olhos atentos de seu admirador, Eric, capaz de tudo para tê-la. Dançando o Chá-chá-chá com a amiga na banca de jornal que trabalhava, versus a cena na praia onde seduz Antoine, com o vestido molhado colado ao corpo.
Um filme cheio de sentimento, paixão e originalidade, "E Deus Criou a Mulher" é acima de tudo a vitória de um trio que a partir daquele ano, marcaria para sempre seus nomes na sétima arte.




11 comentários:

ANTONIO NAHUD disse...

Gosto muito - e sempre - de Jean-Louis Trintignant.
Abraços,

O Falcão Maltês

Dewonny disse...

Oiee, ando bem sem tempo pra net, por isso o sumiço! Muita correria no trampo!
Ah, esse é o meu filme preferido da Bardot, tenho até o DVD..hehe..
Bjos e até mais!

ANTONIO NAHUD disse...

A presença de Trintignant vale o filme...
Abração e apareça,

O Falcão Maltês

Unknown disse...

Oi, pessoal!
É o seguinte: o Blogger esteve em manutenção desde o dia 12 de maio. Estava muito nervosa, pois não estava podendo nem fazer login. Ele estava só no modo leitura.
As últimas alterações que tinha feito nele não foram salvas(ou o Blogger mexeu nelas), como a enquete nova, sobre as loiras. Quando fui abrir, agora que ele voltou, a enquete tinha sumido. Então, repostei. Sei que já tinha votos, mas peço a paciência e generosidade de vocês: votem novamente, ok?
Antonio, a atuação do Jean Louis é uma das melhores do filme. Realmente gostei muito dele também.
Dewonny, que bom que voltou. Eu já tenho esse filme em dvd há algum tempo, mas antigamente(quando tinha o outro blog) não escrevia sobre a Bardot. Agora que assumi que sou fã dela mesmo(hehehe) estou escrevendo direto!
Um abraço
Dani

Darci Fonseca disse...

Oi, Daniele
Que blog maravilhoso o seu. Ando mergulhado no Western e ler sobre BB, Flaubert e ver fotos de Vivien Leigh foi muito bom e oportuno. Et Dieu crea Daniele...
Parabéns do Cowblogueiro

Unknown disse...

Que lindo, Darci, obrigada!
Adorei o seu blog, dedicado ao western. ótima idéia! A enquete também é muito boa, com vasta lista para escolhermos os 5 melhores. Eu tenho uma queda por Legião Invencível. Amo o filme.
Um abraço
Dani

Alan Raspante disse...

Eu tenho esse filme na minha prateleira, rs
Bardot indiscutivelemente linda :D

Rubi disse...

Ahh Brigitte Bardot. Ela é uma das minhas atrizes preferidas, depois de Marilyn Monroe e Audrey Hepburn. E esse filme é fantástico; Roger Vadim é surpreendente.

Alan Raspante disse...

Dani, já adicionei teu blog na lista de parceiros! Valeu pela força, hehehe

Anônimo disse...

Este filme é um clássico dos anos 50. Lançou Brigitte Bardot ao estrelato. Foi um dos filmes que iniciaram a revolução sexual no cinema. Obra prima do cinema francês.

Faroeste disse...

Caro Alan Raspante,
Tenho lutado muito, mas nunca consegui achar uma copia original de ...E Deus Criou a Mulher. Consegui adquirir um DVD achando que era o real. Mas me enganei. A fita era para menores de 14 anos e estava toda mutilada.
Se o amigo tem um original deste filme e pudesse me ceder uma copia (18 anos conforme passou em 1956), eu ficaria muito grato. Tenho também um acervo enorme de fitas, com muitos faroestes, épicos e outros muitos bons filmes. Caso o companheiro deseje ver algum e eu o tenha, o enviarei com prazer. Dito meu endereço;
Jurandir B.de Lima
Rua Mario Alves de Souza Vieira, 08
3a. Etapa - Castelo Branco - SSA/BA - 41321.545
Com muito agradecimento e consideração
jurandir_lima@bol.com.br